Quero compartilhar com vocês algumas produções que tenho feito no curso de Mídias na Educação. Este texto é resultado de uma das atividades que realizamos no módulo Uso Pedagógico das ferramentas de Interatividade.
O
USO DO FACEBOOK COMO FÓRUM DE DISCUSSÃO: RELATO DE UMA PRÁTICA NO CURSO DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO
Todos já temos consciência
do espaço que as tecnologias da informação e suas ferramentas tomaram no nosso
cotidiano. Pois bem, basta agora, que
saibamos como utilizá-las a nosso favor, buscando adequá-las as nossas
necessidades.
Como educadores, temos uma
função mais especial ainda, que é ajudar nossas crianças e jovens a utilizar as
tecnologias de maneira segura, ética e responsável[1].
Sendo assim, podemos nos questionar sobre como as mídias, especialmente as
sociais, afetam a nós, educadores, e a nossos alunos e se há possibilidades de
empregá-las dentro da nossa rotina em sala de aula para ensinar e aprender.
Nessa perspectiva, podemos
citar como exemplo uma experiência concreta que estamos vivenciando neste
início de segunda etapa do Curso de Pós-graduação em Mídias na educação. Uma
das atividades do Módulo Interatividade propôs que nós, alunos, utilizássemos a
ferramenta Facebook para discutirmos com os colegas e professores do curso
sobre a importância da integração das mídias em sala de aula. Para tanto, os
professores criaram um grupo no Facebook para nosso Polo e, os alunos que ainda
não tivessem uma conta, deveriam criá-las, fazendo uso de um tutorial
disponibilizado nas Leituras Complementares. O segundo passo foi esperar o
convite para participar deste grupo e, após adicionar os colegas, debater o
tema acima citado. Cabe lembrar que, através do Facebook, não foi preciso que
marcássemos um horário definido para acessar o grupo e expor nossos comentários
e opiniões, pois esta ferramenta nos permite interagir e compartilhar com os
outros no momento em que nos for mais adequado. Após essas duas semanas de
interação, como ponto culminante da atividade, deveríamos registrar essa
prática pedagógica do uso do Facebook através de um relato, no qual falaríamos
sobre os pontos positivos e negativos da mesma.
Como participante deste
grupo, realizei a atividade proposta e posso afirmar que o uso da ferramenta
Facebook foi relativamente fácil para mim, pois eu já possuía uma conta e
sempre que possível interajo e compartilho informações e conhecimentos. Em relação
à atividade propriamente dita, acredito que foi muito interessante e diferente
poder participar de uma discussão sobre um tema pré-definido, visto que, na
maioria das vezes isso não ocorre no Facebook, pois as pessoas postam e
compartilham o que bem entendem e, geralmente, os assuntos que estão em
destaque no momento, como hoje, por exemplo, o tomate.
Dessa forma, podemos
destacar que a discussão e interação através do Facebook, em um grupo de
estudos, com tema pré-definido é um ponto positivo, pois todos os participantes
deverão expor suas ideias e opiniões sobre o mesmo assunto, independentemente
se concordam ou discordam entre si. Do contrário, temos um ponto negativo, ou
seja, se dentro desta atividade nos fosse proposto somente o acesso e simples participações,
cada um usaria o Facebook sem intencionalidade nenhuma, como ocorre hoje em
dia. As pessoas simplesmente postam informações mal tencionadas sobre o que
lhes interessa, sem que se construa um conhecimento sobre isso e sabemos que
informação não é conhecimento, mas somente a primeira etapa para se chegar a
ele. Para conhecermos realmente, precisamos “trabalhar com as informações
classificando-as, analisando-as e contextualizando-as” (MORIN apud PIMENTA,
2008, p.21). [2]
E é justamente esse o ponto
principal de nossa prática enquanto educadores: buscar o uso de ferramentas
como o Facebook, dando a elas uma conotação pedagógica, no qual nossos alunos
possam utilizá-las como um instrumento que auxilie na sua aprendizagem e não
somente para diversão. Exatamente o que em nossa experiência nestas duas
semanas de estudos.
A
atividade que desenvolvemos através do uso do Facebook também teve outros
pontos importantes e positivos que podem ser sintetizados por Luís Fernandes[3],
que em seu artigo “Redes Sociais Online
e Educação: Contributo do Facebook no Contexto das Comunidades Virtuais de
Aprendentes”, da Faculdade Nova de Lisboa, relatou outras funcionalidades
e potencialidades do Facebook, tais como:
Promover o ensino cooperativo e colaborativo, desenvolver competências
essenciais no mundo globalizado e tecnológico, fometar a partilha do
conhecimento, promover uma maior participação no processo educativo, promover a
reflexão crítica e criação de novas ideias, desenvolver a comunicação e
linguagem e estimular a motivação e o interesse.
Além
disso, a atividade que realizamos revelou a importância do papel do professor
como o propositor e mediador do debate, assim como nós, em nossa sala de aula
precisamos oportunizar aos nossos alunos espaços em que eles possam apresentar
suas ideias, pensando em novas maneiras de envolvê-los nos projetos.
Esta
prática de ensino desenvolvida no curso nos possibilitou ver que é possível sim
incluir as diferentes mídias e tecnologias em sala de aula com intuito
pedagógico, afinal de contas é notório que elas podem tornar a aprendizagem
mais contextualizada, mais interativa e mais prazerosa. Por outro lado, não
podemos nos iludir, pensando que as tecnologias e mídias se tornarão a
“salvação da lavoura” [4],
visto a situação em que o ensino se encontra. Há de se ter claro que as
tecnologias e mídias somente por si só não poderão gerar todas as mudanças tão
esperadas no processo pedagógico, pois, ao contrário, elas também podem
reforçar o ensino tradicional, dependendo do uso que se faz delas.
Integrar a Internet com as outras tecnologias
na educação - vídeo, televisão, jornal, computador. Integrar o mais avançado
com as técnicas convencionais, integrar o humano e o tecnológico, dentro de uma
visão pedagógica nova, criativa, aberta.
Este significado que o autor dá à integração das
tecnologias e mídias, contudo, vai além de simples recursos tecnológicos. Tal
conceito perpassa desde as questões pedagógicas mais emergentes, abrangendo da
mesma forma questões sociais, como a inclusão e o exercício da cidadania.
Portanto, podemos concluir que a integração das
tecnologias e mídias na educação deve acontecer num contexto de mudança também
do processo de ensino-aprendizagem, em que a escola, como um todo, possa
vivenciar continuamente diálogos abertos e de conhecimentos individual e grupal
efetivos.
[1] PHILLIPS, Linda Fogg;
BAIRD, Derek; M.A., e FOGG, BJ. Facebook
para educadores. Disponível em: < http://lantec.fae.unicamp.br/ed88/Xconteudos-digitais/arquivos/facebook-para-educadores-guia-PT.pdf>. Acesso em 12 abr.
2013.
[2] PIMENTA, Selma Garrido (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente.
6. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
[3] FERNANDES, Luís. Redes
Sociais Online e Educação: Contributo do Facebook no Contexto das Comunidades
Virtuais de Aprendentes. Disponível em: <http://www.trmef.lfernandes.info/ensaio_TRMEF.pdf>. Acesso em 12 abr. 2013.
[4] Grifo meu.
[5] MORAN, José Manuel. Como utilizar a internet na educação.
Revista Ciência da Informação, vol. 26, n. 2, maio-ago., 1997,
p. 146-153.